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Entrevista a Isolino Vaz

Para o programa da RTP “10 às dez”, em 1988.

Encerrou com chave de ouro a exposição de Isolino Vaz

Organizada pela Associação Cultural «AMIGOS DE GAIA» e patrocinada pela nossa Câmara, esteve patente ao público na Casa-Museu Teixera Lopes uma exposição de trabalhos do artista gaiense prof. Isolino Vaz.  

Não vamos falar da exposição em si, nem tão pouco do êxito obtido (foi das mais visitadas naquele museu). Não vamos debruçar-nos sobre os trabalhos do mestre, que expôs, por falta de espaço, só uma parte do seu espólio artístico. Vamos tentar dar uma pálida ideia do encerramento da exposição que teve lugar no pretérito sábado dia 14, culminada por uma conferência pelo jornalista e escritor Dr. Alberto de Sousa Uva.

Mais de duas centenas de pessoas encheram o acolhedor salão de festas do Museu. Salão criado e alindado pelo mestre Teixeira Lopes para aí reunir em saraus de arte, os artistas e amigos de então, que o rodeavam e testemunhavam o seu apreço e admiração.

Foi exibido um filme da autoria do Dr. Arnaldo Roseira. que mostrou desde o primeiro traço do desenho de um retrato a óleo, até à última pincelada do mesmo. O óleo retrata Elsa Vaz, filha do pintor, e o filme diz-nos das sete horas que levou a fazer o primoroso trabalho, bem como dos cinco quilómetros percorridos entre o cavalete e a pequena distância que o realizador precisava para ir filmando, pincelada. Excelente e elucidativo trabalho didático que no nosso entender devia ser apresentado em escolas e mesmo na RTP.
Padre Romero Villa pela direcção dos AMIGOS DE GAIA fez a apresentação do conferencista Dr. Alberto Uva que, sóbrio, conhecedor, «retratou» o mestre Isolino Vaz, como homem e como artista. De palavra fácil prendeu a interessada assistência, espraiando-se sobre os diversos trabalhos, nomeadamente os auto-retratos e as figuras populares, que mostram um artista conhecedor dos sofrimentos de um povo humilde, do seu sentir e das suas angústias, trabalhos que são, mensagens de amor e paz, concretizando o conferencista que, há muito de verdade nas obras de Isolino Vaz».

Terminada a conferência foi aberto o diálogo que deu aso a que Isolino Vaz, na sua maneira simples e cativante, dissesse das suas obras, influências, modelos e motivos escolhidos, respondendo sempre, explicando ainda a razão porque não foi possível expor todos os seus trabalhos por falta de espaço na galeria Diogo de Macedo. Em suma, trabalho fatigante e numerosos o do prof. Isolino Vaz a valorizar o património nacional e a enriquecer plantel de artistas gaienses.


Rui Castro, Onofre Ferreira, e Padre Romero Villa, valorizaram o sarau com diversas intervenções. É digno de registo o número de jovens que assistiram à conferência. Antes do encerramento, o Pintor Isolino Vaz fez uma visita guiada à Exposição, durante a qual foi explicando pormenores sobre as obras expostas. No decorrer do sarau foi distribuído pelos «AMIGOS DE GAIA» o seu boletim n.° 2, dedicado a Isolino Vaz.

Entre a assistência podemos ver o presidente da Câmara de Gaia, António Continho da Fonseca e o deputado da A. Constituinte, Alberto Andrade entre outras figuras da nossa vida política e intelectual.

David Pedrosa, “Jornal de Gaia”, 1 de Junho 1977Jornal

Apetrechamento da Biblioteca passa pela edição de postais

Na escola secundária de Valadares

Miguel Torga, Almada Negreiros, Fernando Pessoa, Vieira da Silva e Soares dos Reis num painel alegórico de Isolino Vaz, agora editado em postal pela Escola Secundária de Valares.

Numa iniciativa singular, a Escola Secundária de Valadares promove uma venda de postais com vista à angariação de fundos para apetrechamento e beneficiação de instalações da biblioteca daquele estabelecimento de ensino.

No pedido de publicação de notícia que o Conselho Directivo daquela Escola nos enviou, afirma-se, nomeadamente, que “foram editados cinco mil postais, no montante de 44.500$00, sendo necessária a venda de cerca de três mil para saldar essa dívida. Tendo esta escola mil alunos, tem-se sentido sérias dificuldades nesse sentido”.

Para além destas palavras que são, afinal, exemplo de uma actividade das graves dificuldades com que se debatem escolas deste país, interessará, no entanto, sublinhar a prova de capacidade actuante de alunos e docentes. Uma disponibilidade a que o MEC deverá estar atento quando não incentivar. Até porque, tratando-se de uma escola oficial ,competiria ao MEC assegurar o apetrechamento e a beneficiação das instalações. Mas enquanto isso não chegar, os postais estão à venda e valem por tudo, os 15$00 cobrados por cada um.

O Comércio do Porto, 26 de Fevereiro de 1981